Quem sou eu

Falar do nosso pai é usar a voz que vem do coração... é buscar na memória as histórias que nos foram contadas e as que vimos ser tecidas ao longo das nossas vidas. Acompanhamos a sua atuação em diferentes fronteiras, muitas estivemos presente e com certeza, as raízes da maioria delas vem lá do sertão. Foi por isso, que escolhemos as árvores de lá para compartilhar o olhar que temos sobre a vida dele. Entre Umbuzeiros e Algarobas, Juremas e Barrigudas, Anjicos e Aroeiras, Gameleiras e São Joeiros, na aridez da caatinga, no calor do sol sertanejo começou a formar as suas vocações.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Dois amigos: pai e filho

 Menino,  quando meu pai precisava se ausentar de casa e viajava , eu orava , pedindo a Deus que o protegesse e que nenhum mal o acometesse. Muito tempo  se passou , e muitas coisas boas o acompanharam. Uma delas é o sentimento de gratidão,  a presença da graça que nos liberta dos medos. A gratidão pela  presença de meu pai em minha vida suavizou os medos infantis. As muitas lições aprendidas , a fonte inesgotável de amor pela vida , a vibração e entusiasmo com as belas estórias do cotidiano , seu olhar carinhoso e amoroso, o zeloso cuidado, sua fidelidade aos seus valores mais elevados , o exemplo de vida e fé cristãs envolvem-me  continuadamente, e me deram régua e compasso,  amparo e proteção. Hoje ,  nos caminhos da caatinga, aos 90 anos,  seus sonhos e desafios se renovam sob a sombra das amburanas , aroeiras e umbuzeiros. No  pedaço de chão onde nasceu, traz consigo a sabedoria que vai de geração em geração. Nessa terra povoada de saudades e esperanças , está presente uma constelação de gente ,  habitantes do seu coração, do passado, do  presente e do futuro. Aqui , conta estórias que brotaram dessa terra,  como árvore frondosa que viu muitos horizontes sem jamais se afastar das raízes fincadas nesse chão.

Assim , com o coração repleto de gratidão, reunidos , ouvimos suas estórias , compartilhamos o pão e nos elevamos guiados por suas orações. Nos entremeios das palavras  das suas  preces , ouvimos o silêncio da palavra que emana e transforma o lugar num espaço de comunhão e louvor. 

E , assim, celebramos !

Obrigado , Senhor , por esse dia tão especial. 

 Mas como filho obediente,  preciso lembrar da sua advertência feita há um mês,  10 de julho , dia que comemoramos os 60 anos do seu casamento,  do pacto firmado no altar sagrado. Disse-nos naquele momento que naquele dia se cumprira a mais importante data a ser celebrada neste ano , qualquer outra gravitaria em torno daquele centro , quando o noivo e a noiva disseram o sim . Unidos pela mesma fé, sabiam que palmilhariam juntos a jornada da vida,  inspirados e guiados pelo maior evento do Universo,  o casamento dos Céus com a Terra. Do Gênesis ao Apocalipse, repetiriam juntos " Osso dos meus ossos, e carne da minha carne" e " Vi a cidade santa , a nova Jerusalém,  que descia dos céus,  da parte de Deus, enfeitada como uma noiva preparada para o seu noivo ". Assim , criaram novos  mundos. E aqui estamos nós,  herdeiros daquele  sagrado compromisso que se renova a cada dia , régio e de um dourado brilho reluzente. 

Amado pai , que possamos honrar e sermos  fiéis a este sim , e que jamais nos esqueçamos do  versículo que tanto gosta de repetir do alto dos seus vigorosos 90 anos , quando lembra  que em Cristo a vida sempre se renova pois : 

      " O que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas "




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