Quem sou eu

Falar do nosso pai é usar a voz que vem do coração... é buscar na memória as histórias que nos foram contadas e as que vimos ser tecidas ao longo das nossas vidas. Acompanhamos a sua atuação em diferentes fronteiras, muitas estivemos presente e com certeza, as raízes da maioria delas vem lá do sertão. Foi por isso, que escolhemos as árvores de lá para compartilhar o olhar que temos sobre a vida dele. Entre Umbuzeiros e Algarobas, Juremas e Barrigudas, Anjicos e Aroeiras, Gameleiras e São Joeiros, na aridez da caatinga, no calor do sol sertanejo começou a formar as suas vocações.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Nosso eterno diretor

 Testemunho à Celso Loula Dourado Por Ruy Barreto 08/11/2019 A luta pela democracia não deve envergonhar o homem. Esse é o grande legado que trago de Celso Loula Dourado. Nosso eterno diretor construiu uma redoma privilegiada onde germinamos em liberdade. Sob sua batuta nossos maravilhosos professores exerceram sua influência em nossa formação. Enquanto o Brasil ardia num período obscuro com mortes e perseguições estávamos em terra protegida. Seria impossível agradecer em palavras tudo que ele e nossos professores nos proporcionaram. Claro, essa proteção também impediu que alguns colegas não percebessem as agruras daqueles tempos. O custo de promover a paz é não educar alguns para a guerra, mas, se alguma luta é digna que seja pela paz e liberdade. Aquele largo sorriso que emoldura seu cumprimento revela uma alma dedicada à educação. Sua primeira marca é um sorriso enérgico, com sua forte voz repleta de sabedoria. Seus 88 anos atuais é um presente que seguimos recebendo. Nossa turma concluiu o ensino médio há quase 40 anos e, nem por isso, ele abandonou o seu posto. Como um farol que ilumina o caminho de todas as naus, ele nos mira daquela altura inexpugnável. Diante da tempestade, da ignorância em escolher uma rota segura, sempre é possível encontrar seus sinais no horizonte. Na minha trajetória de vida encontrei na educação um elemento central muito além dos conhecimentos e saberes. Trata-se da máxima: o aprendiz deve desejar ser o mestre. Esse é o momento sublime, quando a admiração transita nos processos de transferências internas e projeta o desejo de ser e aprender com o outro. Nem sempre o processo ensino-aprendizagem se consolida numa simbiose ideal, nem toda relação com professores é perfeita. Daí a necessidade de aproveitar os momentos em que isso se estabelece. Relembrar aqueles poucos anos (1975-1981) em que usufruímos da sua influência direta. Parece ter sido pouco, mas não foi. Outros tantos precisavam também dessa oportunidade. Espero que tenham tido a oportunidade de aproveitar como eu, como tantos. Já disse que é impossível traduzir em palavras tudo que ele nos proporcionou, mas ele nos ensinou que o silêncio não deve ser a resposta quando se tem tanto a dizer. Eu, de minha parte, tenho a dizer que todos os dias pela manhã, nesses últimos quase 40 anos, busco minha carteirinha com o emblema da escola que tem nome de liberdade: 2 de julho. Coloco na algibeira a carteirinha onde minha presença será anotada. Sigo para mais um dia de uma aula. Não preciso mais me dirigir fisicamente à avenida Leovigildo Figueiras, 81, no Garcia. Sigo pela vida ouvindo suas palavras numa aula que nunca acabou, nem acabará.




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